Carambola Pode Ser Tóxica: Verdade Ou Mentira?
Publicado em 16.11.2016
Fruto da caramboleira, a carambola (Averrhoa carambola) é uma frutinha tropical de sabor variando do ácido ao doce, que pode ser utilizada em inúmeras preparações. Rica em água (87,1% em 100g), ela é bem levinha (46kcal em 100g) e possui boas quantidades de potássio e vitamina C em sua composição. A forma em estrela então… nem se fala! É um charme!
Até aí tudo bem. Mas, você sabia que o consumo dessa fruta (aparentemente inofensiva) pode ser fatal para pessoas que apresentam problemas nos rins, como insuficiência renal, por exemplo? Sim! Quando o fruto e/ou seu suco são consumidos por pacientes portadores de insuficiência renal ou lesão aguda nos rins, ou por indivíduos portadores de diabetes mellitus, uma substância da carambola, a caramboxina (uma molécula não proteica, que se difere do oxalato) pode se concentrar no sangue e produzir efeitos adversos.
A caramboxina é uma neurotoxina capaz de provocar alterações neurológicas importantes em pacientes com Doença Renal Crônica, envolvendo alterações como soluços e confusão mental, até quadros graves como convulsões e morte. A caramboxina, que não é devidamente eliminada pelos rins em pacientes com alterações no sistema renal, parece apresentar inibição sobre o sistema inibitório do Sistema Nervoso Central (SNC), o sistema GABAérgico. Desta maneira, nesses pacientes, ocorrerá elevação dos níveis séricos da neurotoxina, o que permitirá sua passagem pela barreira hematoencefálica e consequente ação sobre o SNC, por apresentar poder excitatório, convulsionante e degenerativo. Na literatura científica podemos encontrar estudos mostrando os efeitos tóxicos da carambola. No entanto, o primeiro relato desses efeitos no Brasil foi em 1993.
Estudos apontam que tanto pacientes com Doença Renal Crônica submetidos a tratamento dialítico, quanto pacientes sem necessidade de diálise, apresentaram sintomas de intoxicação por carambola. Foi observado também que o consumo da fruta causa declínio da função renal independente do estágio da doença. Entre os sintomas apresentados pelos pacientes intoxicados, o mais relatado foi o soluço, geralmente incontrolável e que não responde às medicações convencionais, confusão mental e crises convulsivas (que estão significativamente relacionadas com o mau prognóstico do paciente).
Embora pessoas sem histórico de problemas renais não corram eventuais riscos, especialistas no assunto recomendam que se evite o alto consumo de carambola. Isso porque os teores de ácido oxálico presentes na fruta podem levar à formação de cálculos renais em indivíduos mais sensíveis.
Viu só os possíveis efeitos da ingestão de carambola?
Já é bastante claro que há uma associação entre o consumo de carambola e intoxicação. Por isso, Nutricionistas, é muito importante alertar aos pacientes com problemas renais que não ingiram esta fruta. Além disso, recomenda-se que pessoas com função renal normal também evitem altas ingestões de carambola, tanto na forma de suco, quanto in natura.
Conclusão: a carambola é tóxica para quem tem problemas renais e também pode causar danos em pacientes que apresentam alguma predisposição a condições clínicas nos rins.
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Bibliografia Consultada:
OLIVEIRA, E.S.M.; AGUIAR, A.S. Por que a ingestão de carambola é proibida para pacientes com doença renal crônica? Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 37, n. 2, p. 241-247, 2015.
Toxina da Carambola é isolada. Site Pesquisa Fapesp
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